A construção da Rodovia Interoceânica, que liga o Brasil ao Peru através do Acre, planejada para integrar o país aos vizinhos andinos e dar acesso aos produtos brasileiros aos portos peruanos no Pacífico, acabou resultando em caso de polícia e na prisão do ex-presidente peruano Alejandro Toledo, que acaba de ser condenado em Lima a 20 anos e seis meses de prisão, em regime fechado. Ele é acusado de ter recebido propinas na ordem de R$ 113 milhões da construtora da estrada, a empresa brasileira Norberto Odebrecht.
A construção – que começou no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi concluída em cinco anos e tinha como promessa a integração comercial ao facilitar o acesso ao Oceano Pacífico. Era isso o que festejavam no Acre as autoridades locais naquele período, entre elas, o mais entusiasmado com a obra, era o então governador Jorge Viana, que chegou a levar seu secretaria numa viagem por praticamente todo o Peru numa demonstração de boa política de vizinhança e em agradecimento, em nome do governo Lula, à parceria com o governo do Peru. A comitiva presidida por Jorge Viana chegou a ser recebida por Alejandro Toledo no Palácio presidencial, em Lima.
Em defesa da estrada, o governo brasileiro, verberado pelo então governador Jorge Viana, dizia que o principal produto a ser escoado pela estrada seria a soja, produto brasileiro exportado para a Ásia, com menor custo e redução do tempo de viagem em 15 dias. No entanto, não foi o que aconteceu.
De acordo com levantamentos sobre o movimento na BR-317 no trecho brasileiro, a média de circulação é de sete veículos comerciais por hora – uma média muito baixa diante das projeções milionárias do projeto de construção da rodovia. Autoridades peruanas garantem que não tem produto brasileiro transitando a caminho dos portos no Peru.
A rodovia foi vendida por Lula e pelo governo do PT no Acre como se fosse uma rodovia que iria trazer progresso para a região e faria a interligação entre os dois oceanos. Na verdade, o que se descobriu foi que, primeiro, os 700 km que foram construídos pela Odebrecht facilitaram a arrecadação de dinheiro para campanhas eleitorais ara o PT, partido então no poder, e a rodovia não gerou os efeitos que se esperava.
A Rodovia tem, ao todo, 2,6 mil quilômetros, e teve sua a maior parte financiada por empreiteiras brasileiras. Na época em que foi construída, com base no projeto, especialistas já acreditavam ser improvável que a estrada virasse um corredor para a exportação de soja, minério e outras commodities brasileiras para a Ásia, por ser muito sinuosa e estreita, além de ser uma pista sem acostamento.
Além de não ter gerado os resultados anunciados, a construção da Interoceânica, por ligar pela primeira vez na história da humanidade os oceanos Atlântico, no Brasil, ao Pacífico, no litoral do Peru, acaba de resultar na prisão e condenação do ex-presidente peruano Alejandro Toledo. O então presidente peruano teria recebido US$ 20 milhões (mais de R$ 113 milhões) – em caso envolvendo a a construção da Rodovia Interoceânica, a construtora brasileira Norberto Odebrcht. O ex-presidente Toledo está condenado a 20 anos e seis meses de prisão em regime fechado.
Apesar de a pena já ter sido declarada, a leitura integral da sentença contra Toledo está marcada para o próximo dia 31, em Lima, Capital do Peru. O julgamento ocorreu no Segundo Tribunal Penal Colegiado Nacional. As informações foram divulgadas no próprio perfil do tribunal da rede social X (antigo Twitter).
Toledo chegou a fugir para os Estados Unidos, mas lá foi preso, extraditado e encaminhado para o presídio de Barbadillo, em Lima, em abril do ano passado. Ele havia sido preso em 2019, nos EUA.
Também foi condenados o empresário José Fernando Castillo Dibós, por lavagem de dinheiro. A pena dele é de 14 anos em regime fechado.
Os ex-integrantes do comitê Proinversion Sergio Bravo Orellana e Alberto Javier Pasco Font Quevedo foram condenados a 9 anos de prisão por conduta ilegal.