Apesar de a chuva e o frio no último final de semana terem diminuído temporariamente os focos de incêndios na região sul do Pantanal, infelizmente mais ao norte, no Mato Grosso, a situação se agravou. Um dos municípios afetados é Barão de Melgaço, onde fica localizada a Reserva São Francisco do Perigara, um importante refúgio da arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) e também, de outras espécies pantaneiras.
A reserva é uma das três propriedades que pertencem ao Onçafari no Pantanal, usadas para projetos de conservação (uma delas, a reserva Santa Sofia, teve 65% da área perdida). Na Perigara, brigadistas vem tentando controlar o fogo nos últimos dias, mas ainda há focos ativos segundo o Mapa Interativo de Incêndios e Queimadas do governo federal.
A equipe do Onçafari ainda não conseguiu fazer um levantamento completo sobre a devastação da vegetação, mas segundo Mario Haberfeld, CEO e fundador da organização, cerca de 80% da reserva pode ter sido queimada.
Essa não é a primeira vez que São Francisco do Perigara sofre com os incêndios no Pantanal. Em 2020, quando quase 30% do bioma foi destruído pelas chamas, 50% dos ninhos de arara-azul foram atingidos. Até então, a fazenda era conhecida por abrigar 15% da população mundial da espécie. Há quatro anos, aproximadamente 700 delas viviam lá.
Uma equipe do instituto está avaliando as consequências desse incêndio atual e tentando mitigar as perdas de ninhos. Essa é a época do início da reprodução das araras, ou seja, algumas já tinham começado a colocar ovos. O projeto tinha sofrido um impacto imenso na semana passada, quando o fogo queimou 80% da área do refúgio ecológico Caiman, no município de Miranda (MS), outra importante base do Arara Azul.
A vegetação completamente queimada na Reserva do Perigara: animais tentam fugir das chamas
Foto: Stéphanie Birrer / Onçafari


