Nas unidades de conservação (UC’s) da Amazônia, nos primeiros seis meses deste ano, o desmatamento foi o menor dos últimos dez anos: 93 km² contra 114 km² no mesmo período de 2023, ou seja, uma queda de 18%. Os números são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.

As unidades de conservação dos estados do Acre e de Rondônia estão entre as dez mais desmatadas em junho de 2024: cada uma com três no ranking.
No entanto, o Pará foi o que registrou a UC mais devastada no mesmo mês, a APA Triunfo do Xingu, com uma área equivalente a 700 campos de futebol (cada campo de futebol tem 1,08 hectare ou 10,800 m². E o segundo lugar no ranking do desmatamento (abaixo) é do Pará também, com a APA do Tapajós.
| Ranking | Nome | Estado | Área (km²) |
| 1 | APA Triunfo do Xingu | PA | 7 |
| 2 | APA do Tapajós | PA | 6 |
| 3 | Resex Guariba-Roosevelt | MT | 3 |
| 4 | Rebio do Gurupi | MA | 2 |
| 5 | Esec de Samuel | RO | 1 |
| 6 | Resex Rio Preto-Jacundá | RO | 1 |
| 7 | Resex Chico Mendes | AC | 1 |
| 8 | FES do Rio Gregório | AC | 1 |
| 9 | FES do Antimary | AC | 1 |
| 10 | Parna Mapinguari | AM/RO | 1 |
As terras indígenas também registraram redução na destruição florestal no primeiro semestre, com 15 km² derrubados, a menor área desde 2016.
“São dados positivos para a Amazônia, a redução do desmatamento nas unidades de conservação e nas terras indígenas é muito importante”, declara a pesquisadora Larissa Amorim, do Imazon.
“Para que o desmatamento continue em tendência de queda, é necessário manter o ritmo de fiscalização nas áreas protegidas e focar nas regiões que ainda estão sob forte pressão ambiental. Qualquer redução nas ações de combate e controle podem acarretar o aumento da devastação nestes territórios novamente.”, alerta.
Abaixo, o ranking de terras indígenas mais desmatadas em junho deste ano, segundo o SAD.
| Ranking | Nome | Estado | Área (km²) |
| 1 | TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra | MA | 1 |
| 2 | TI Cachoeira Seca | PA | 1 |
| 3 | TI Sepoti | AM | 0,4 |
| 4 | TI Tenharim Marmelos (Gleba B) | AM | 0,4 |
| 5 | TI Sararé | MT | 0,3 |
| 6 | TI Uru-Eu-Wau-Wau | RO | 0,2 |
| 7 | TI Cunhã-Sapucaia | AM | 0,2 |
| 8 | TI Bacurizinho | MA | 0,1 |
| 9 | TI Krikati | MA | 0,1 |
| 10 | TI Igarapé Ribeirão | RO | 0,1 |
Após 14 meses de redução, desmatamento aumenta 10% em junho
Depois da notícia boa, a ruim. Desde abril de 2023, a Amazônia apresentava baixas consecutivas nos índices de desmatamento. Foram 14 meses seguidos de queda.
No entanto, os dados de junho de 2024 indicam aumento de 10% na derrubada em comparação com o mesmo mês de 2023: foi de 361 km² para 398 km². Larissa explica:
“O período mais seco do calendário do desmatamento ocorre entre os meses de maio a outubro, historicamente os valores são mais altos durante esses meses porque o clima propicia a prática do desmatamento”.
E continua: “A Amazônia apresentou uma sequência de 14 meses consecutivos de redução, agora houve um aumento de 10% da devastação. Ainda assim, a taxa é baixa quando consideramos a série histórica para o junho. Devemos observar os próximos meses, os órgãos responsáveis devem seguir com as ações de combate para garantir o não aumento do desmatamento”.
Em junho, os estados que mais contribuíram para a destruição de florestas foram o Amazonas (35%), o Pará (26%) e o Mato Grosso (15%), o que representa 77% do total detectado na Amazônia Legal. Cinco dos 10 municípios que mais desmataram ficam no Amazonas, e outros três no Pará.
Apesar desse cenário, no acumulado do primeiro semestre, 2024 registra a menor área desmatada desde 2017, com 1.220 km².
Quando comparada com 2023, a diminuição chega a aproximadamente 36%. Mesmo reforçando a tendência de queda, o número ainda representa 670 campos de futebol devastados por dia ou 388,8 hectares/dia ou 3,9 km².
Por fim, Larissa destaca: “As medidas de combate precisam focar principalmente nas regiões que mais registram perda. São municípios e áreas protegidas frequentemente apontadas como áreas de forte pressão ambiental e registram grandes áreas devastadas”.
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Foto (destaque): Christian Braga/Greenpeace Brasil
Com informações do Imazon (as tabelas também são do instituto)
