Contaminação por mercúrio em peixes volta a preocupar acreanos; idosa descobre infestação no corpo

Nossa Redação ouviu empresária de Cruzeiro do Sul cuja mãe, uma idosa de 78 anos, foi afetada por infestação de metal pesado

A preocupação com altas doses de mercúrio no sangue devido ao consumo de peixes persiste entre famílias no Acre. Desde maio de 2023, quando o alerta sobre a contaminação por este metal pesado foi inicialmente emitido, pouco progresso concreto foi feito além de um ofício do Ministério Público Federal no Acre, instando diversas instituições a responderem sobre o assunto.

Rio Branco está entre os 17 municípios da Amazônia mais críticos para a contaminação por mercúrio, por meio da ingestão de peixes/Foto: Secom

Esta semana, ContilNet entrevistou uma empresária de Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do Acre, localizada a 640 quilômetros de Rio Branco, com pouco mais de 90 mil habitantes.

Ela relatou que sua mãe, de 78 anos, foi trazida para Rio Branco para exames de rotina, onde descobriu ter altas concentrações de mercúrio no sangue.

“A minha mãe praticamente só se alimenta de peixe. Ela tinha níveis muito elevados de mercúrio em seu organismo, já manifestando sintomas da intoxicação. Se não fosse pelo exame, dificilmente identificaríamos a causa de sua perda de apetite e cansaço extremo”, disse a filha à ContilNet por telefone.

Em maio de 2023, um estudo envolvendo pesquisadores de sete instituições alertou que Rio Branco está entre os 17 municípios amazônicos mais críticos para a contaminação por mercúrio, através do consumo de peixes contaminados.

Os peixes na região apresentavam níveis de contaminação muito acima do limite seguro estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (≥ 0,5 µg/g). No entanto, até o momento, não há registros médicos conhecidos sobre a contaminação em Cruzeiro do Sul.

Entre os estados amazônicos pesquisados, o Acre registrou o segundo pior índice, com 35,9% de seus peixes contaminados, ficando atrás apenas de Roraima, com 40%. Pará (15,8%) e Amapá (11,4%) apresentaram os menores índices.

Aproximadamente 21,3% dos peixes consumidos na região Amazônica contêm níveis de mercúrio acima dos limites seguros.

A médica Luciana Ribeiro, graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Acre e registrada no Conselho Regional de Medicina da Bahia sob o número 29.3023, explicou ao ContilNet que o tratamento pode envolver o uso de medicamentos quelantes, que facilitam a eliminação do mercúrio através da urina e fezes.

Em 2013, técnicos do Instituto Evandro Chagas apontaram os municípios de Sena Madureira e Manoel Urbano, banhados pelos rios Iaco e Purus, respectivamente, como áreas de alta concentração de mercúrio em peixes.

O rio Purus tem sua nascente no Peru, país que enfrenta problemas significativos com garimpos ilegais de ouro, uma das principais fontes de mercúrio na região.

peixe contaminado com mercúrio

Levantamentos já apontavam contaminação no Acre em 2013/Foto: Reprodução

“Essa é uma questão interessante porque o Acre não contribui diretamente com a contaminação por mercúrio através de garimpos, como ocorre em outras regiões amazônicas. No entanto, o estado faz fronteira com países onde há histórico de garimpagem ilegal, o que pode contribuir para a carga de mercúrio no meio ambiente aquático”, destacou Iracina Maura de Jesus, do Instituto Evandro Chagas, em uma entrevista à Rádio Senado em 2013.

Os sintomas de intoxicação por mercúrio incluem fraqueza, cansaço, perda de apetite, úlceras, problemas renais, dentes fracos e quebradiços, além de irritação e inchaço na pele.

Altas concentrações de mercúrio também podem levar a neurotoxicidade, manifestada por mudanças de humor, alterações na memória, dor de cabeça, tontura, delírios e alucinações.

É fundamental consultar um médico para o tratamento adequado, que pode incluir medicamentos quelantes, suplementos de vitaminas e, em alguns casos, terapia para sintomas psicológicos como ansiedade e depressão.

Fonte: TuaSaude.com

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