No verão, quando o Rio Macauã não oferece condições de navegação, há certo percalço para se deslocar até a cidade. Da residência dele até a entrada do ramal são 4 horas andando.
“Daqui de casa até a ponta do ramal é longe. Numa emergência, fica difícil. Muitas pessoas dizem que não teriam coragem de morar lá, mas já me acostumei. Nasci e me criei no seringal”, frisou.
Com relação às mercadorias e outros materiais, Raimundo Rodrigues revelou que, na época do inverno, compra tudo “em grosso”, ou seja, em grande quantidade para não faltar nada no verão.
“Levo remédio, munição, todo tipo de mercadoria em grande quantidade. Desse modo, dá pra suprir a demanda na época em que o rio não oferece acesso. Tem que planejar direitinho porque se na época ruim faltar alguma coisa, você pode até querer comprar um quilo de açúcar por 100 reais e não encontra”, completou.
Ele é pai de oito filhos, dos quais quatro conseguiram concluir o ensino superior. “Meus filhos lutam muito comigo para que eu venha embora de vez para a cidade, mas, sinceramente, não pretendo sair de lá”, acrescentou.


Ele é pai de oito filhos/Foto: Cedida
Exímio conhecedor da natureza, seu Raimundo Rodrigues ainda hoje trabalha na extração do látex para a produção da borracha, outrora conhecida como o “ouro negro da Amazônia”. Por ano, ele chega a produzir em torno de 600 quilos, o que ajuda no sustento da família. Além disso, também lida com a pecuária.
O último morador do Rio Macauã, tem em sua companhia a esposa, um filho e um neto.
Por lá, ainda não chegou a energia elétrica, mas está projetada a entrega de kit solar nas comunidades do Macauã e seu Raimundo Rodrigues aguarda ansiosamente por esse momento.
Do seringal onde ele mora para o porto de Sena Madureira, a viagem dura em torno de um dia e meio.