A cozinha pode ser uma paixão para muitas pessoas, mas para o acreano Luann Carlos, de 34 anos, o ato de cozinhar passou de almoços em família no domingo para um profissão que requer técnica e dedicação.
A 4.725,6 km de distância, na cidade mais oriental das Américas e o extremo oposto do Acre no mapa do Brasil, Luann Carlos iniciou o curso de Gastronomia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e hoje atua como subchef, ou sous chef, em um hotel na orla na capital paraibana. Mas há pouco mais de 5 anos, a vida era diferente.
Formado em Engenharia Florestal na Universidade Federal do Acre (Ufac), sem muitas oportunidades na área, Luann abriu um bar, em Rio Branco, ao lado de duas amigas.
Foi no bar que Luann passou a ter contato direto com a cozinha fora de casa e dos almoços de domingo. “Minha relação com a cozinha vem antes da faculdade, quando minha avó começou a ter problemas de saúde e eu acabei me envolvendo com almoços da família. Eu acabei começando a fazer um almoço ou outro no domingo e aí começou a minha relação com a cozinha, mas até então longe de pensar em profissão, só realmente aquela coisa da comida afetiva, que você cozinha para quem ama e tudo aquilo. Depois da minha primeira graduação, eu não consegui atuar muito na área e decidi abrir um bar com duas amigas. Comecei no atendimento, depois na parte administrativa e acabei na cozinha. Foi minha primeira relação com trabalhar com comida”, explicou.
Luann contou ao ContilNet que foi com o calor da cozinha que despertou uma relação diferente e que poderia seguir com aquela profissão. Em 2017, o acreano decidiu fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e com a nota, analisou diversos cursos e decidiu se inscrever para Gastronomia na UFPB.
“Em um primeiro momento, eu não me imaginava como, de fato, um chef de cozinha operacional, que está ali no chão da cozinha, que nem a gente fala. Eu me imaginava mais como um consultor ou gestor”, disse.
Luann decidiu sair do Acre com a esposa e foi morar em João Pessoa para cursar a faculdade. “Eu deixei a família e tudo para trás e vim criar um network aqui também. É uma das partes mais importantes da faculdade. Eu acabei fazendo um estágio no Atelier Roti e lá foi onde eu tive meu primeiro contato com a alta gastronomia, comecei a ver produtos que eu só tinha visto na televisão. Foi lá que eu descobri que sou viciado em trabalho, porque eu me achava preguiçoso, mas na verdade, eu não gostava de trabalhar por obrigação e lá tive uma grande mentora que foi a chef Pollyne”, ressaltou.
O acreano contou que após o estágio no Atelier Roti, surgiu a oportunidade de trabalhar no Restaurante Citron, que fica no Hotel Verde Green, na orla. “Eu sou subchef, responsável pela operação noturna, então o restaurante todo na parte da noite, eu que chefio e divido essa chefia com o chef Matheus. Nós fazemos a elaboração do cardápio e troca muito experiência”, continuou.
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O acreano é subchef no Restaurante Citron, no Hotel Verde Green/Foto: Cedida
Um novo desafio
“Trocar de profissão é sempre desafiador. Você trocar de profissão, sair de uma coisa que você idealizou para outra sem muito saber o que está esperando por você, é sempre um desafio. Graças a Deus eu tive uma grata surpresa de fazer um bom trabalho e me identificar”, disse Luann.
O acreano ressaltou que apenas trabalhar por dinheiro, não dá certo, é preciso sentir prazer em alguma forma daquilo que você entrega e são esses sentimentos que vem ao entregar um bom prato.
“É muita responsabilidade porque a comida tem um valor muito importante na vida das pessoas. Ela é um ato cultural, político e social. A gente não está falando só de alimentação, a gente está falando de um todo, então as pessoas vão no restaurante quando elas querem comemorar alguma coisa. Eu já fiz casamentos, batizado, aniversários e você realmente entrega momentos especiais para aquelas pessoas”, disse.